ANEM exige solução urgente para deterioração da formação médica
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) lamenta que após anos de discussão ainda não tenham sido tomadas medidas governativas para solucionar as atuais condições de formação médica portuguesa que terá, se nada for feito no imediato, duras consequências para a qualidade da saúde em Portugal.
Perante esta falta de resposta, a ANEM elaborou uma proposta, na qual faz uma análise da realidade atual da formação médica em Portugal. Aludindo a diferentes publicações que demonstram o excesso de estudantes nas Escolas Médicas, e consequente degradação das condições de ensino.
Atualmente, o número de estudantes nas Escolas Médicas Portuguesas encontra-se acima daquele para o qual estas foram projetadas. Em média, no ensino clínico pré-graduado, temos cerca de 8 estudantes por tutor, sendo que em alguns casos chegam a ser 18 estudantes para um tutor. Este extravasar da capacidade formativa coloca em causa a qualidade do ensino e o atendimento aos utentes, que muitas vezes, em estado debilitado, são confrontados com mais de 10 médicos à sua volta.
Além disso, o número de ingressos nos cursos de Medicina ultrapassa também a capacidade formativa pós-graduada - aquela que permite a especialização dos diplomados em Medicina. No final de 2015, 114 médicos foram impedidos de continuar a sua formação através do ingresso numa especialidade porque o número de candidatos era superior às vagas disponíveis. Daqui conclui-se que, se se pretender manter a qualidade da formação, como deverá acontecer, além de respeitar as capacidades pré-graduadas, é absolutamente necessário coordenar o número de ingressos nas Escolas Médicas também com a capacidade formativa pós-graduada.
Simultaneamente, Portugal continua a ser um dos 10 países da OCDE com mais médicos licenciados e com um número de estudantes inscritos nas Escolas Médicas superior às reais necessidades do país. As dificuldades que muitos portugueses enfrentam quanto ao acesso à prestação de cuidados de saúde não resultam de um número insuficiente de médicos em Portugal, mas sim da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e da sua má distribuição por especialidade e a nível geográfico. Assim, para contrariar esta situação, a ANEM apela a que se pratiquem boas políticas de gestão de recursos humanos, para que seja possível definir um número de vagas para cada especialidade de acordo com as necessidades e uma distribuição equilibrada de médicos em Portugal e apela ao diálogo entre o Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério da Saúde, esperando que o poder governativo, após análise da proposta apresentada, tome uma posição visando o adequado, urgente e necessário, planeamento da formação Médica em Portugal.
Simultaneamente ao envio da proposta, a ANEM requereu ainda uma audiência a ambos os ministérios, encontrando-se neste momento a aguardar resposta.
A proposta completa poderá ser consultada em http://qualidadeformativa.anem.pt/